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(Este artigo foi publicado originalmente em outubro de 2015)
Faz poucos dias publiquei um artigo dizendo que acredito ser necessária uma reorientação, ou reposicionamento, dos desenvolvedores e organizações, colocando o serviço antes da interface. Em resumo minha proposta é a de que a interface deve ser decorrência do serviço e não o contrário, ou seja, não se deve encomendar um site ou app, ou o que seja, mas estruturar um serviço e daí definir os meios para disponibilizar o serviço da forma mais eficiente.
Alguns dias depois li um artigo na Computerworld (Infelizmente este artigo já não está mais disponível) destacando o conceito de “Malha de dispositivos” que vem a ser um conjunto de meios pelos quais uma pessoa tem acesso a informações e as utiliza.
Foi então que percebi o quão modesto foi meu pensamento. É verdade que meu texto visava principalmente as pequenas e médias organizações e que essas, em regra, demoram muitos anos mais para adotar as tecnologias que as grandes, o que de uma certa forma justificaria minha posição. Mas tenho que admitir que esse é um argumento fraco, até porque atualmente são pequenas e médias organizações que, muitas vezes, saem na frente quando se trata de aplicar tecnologias de ponta.
O que percebi é que, apesar de eu não estar errado, o foco deve estar, em última análise, no usuário; depois vem o serviço e assim os meios para fornecer as informações e funções de que o usuário necessita ou pelas quais ele anseia. De novo não há muita novidade nisso, mas o alerta se faz necessário porque não tenho visto muitos empresários, administradores e responsáveis pela comunicação preocupados com isso no Brasil. Aqui ainda impera o “fazer o que os outros estão fazendo” (e depois reclamam que o outro fatura mais). Falta coragem de correr riscos, de aprender com os erros e assim sair na frente.
É necessário um esforço conjunto, que seja por iniciativa dos desenvolvedores, designeres, empresários, profissionais do marketing, administradores, de todos enfim, no sentido de despertar a índole de líder, a vontade de sair na frente, o desejo e a necessidade de envolver o cliente ou usuário numa “Malha de utilidade” e assim mantê-lo junto não só porque ele dispende menos dinheiro conosco, mas porque ele se sente mais confortável e feliz aqui.
Ampliando um pouco mais o raciocínio, temos que parar de pensar pontualmente ou, que seja, em fluxos simples: o que impera a partir de agora é a complexidade; cada dia mais, num crescimento (provavelmente) exponencial, de tal forma que a função principal da tecnologia passa a ser o desenvolvimento de formas de acessibilidade ao ser humano (um exemplo de complexidade extrema, por si) dessa matriz de matrizes inescrutáveis pela simples lógica dos sentidos. É preciso traduzir toda essa complexidade na linguagem humana e essa deve ser a meta de todo designer, de todo desenvolvedor, de todo “manager”.
Estamos finalmente entrando de verdade no século XXI e a necessidade de se evoluir na abordagem dos problemas de comunicação e funcionalidade são, mais do que nunca neste século, uma questão de sobrevivência.