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(este artigo foi publicado pela primeira vez em novembro de 2016)
Acontece normalmente de desenvolvedores de soluções de comunicação baseadas na internet serem acionados para desenvolverem produtos. Os mais comuns ainda hoje são pedidos para o desenvolvimento de websites e apps para plataformas móveis.
Na era industrial que caracterizou o século XX, essa era a bordagem empresarial padrão, pois a estrutura produtiva, como um todo, bem como toda a infraestrutura de transportes e comunicação estavam estruturadas na forma de produzir e distribuir objetos. É verdade que essa estrutura permanece e não deve ser abandonada nem, muito menos, desprezada, mas a realidade é que essa é uma abordagem adequada à produção e distribuição de objetos em massa. A era da informação (na qual suspeitamos estar entrando desde fins do século passado) sugere a necessidade de abordagens diferenciadas para o desenvolvimento de produtos informacionais, ou seja, que não são objetos, mesmo que em pontas do processo estejam a produção, transporte e entrega de objetos.
A sugestão aqui é que, nas áreas de informática e comunicação (principalmente a comunicação ponto-a-ponto que caracteriza a internet) seja adotada uma perspectiva mais adequada ao desenvolvimento, que substitui o motivo (ou o ponto de partida) “produto” pelo “serviço”.
No dia a dia dos desenvolvedores essa perspectiva já é adotada em muitos casos, mas carece de sistematização e conceitualização, sendo, na maior parte das vezes, adotada por razões imperativas dos processos de natureza informacional e quase nunca por uma questão de conceito metodológico superior.
O conceito é de que uma demanda por um produto informacional deva ser formatado no sentido de, primeiro desenvolver um serviço, e depois as plataformas para sua veiculação. No fim do processo encontra-se o usuário, e aqui as conceitos contemporâneos de UX (User eXperience, ou experiência do usuário numa tradução livre) me parecem mais do que adequados.
Assim, o desenvolvimento de novos produtos baseados na internet tem seu caminho mais bem definido, pois temos um sólido ponto de partida e um valioso ponto de chegada, o que torna sua definição mais simples e clara.
Essa abordagem tem algumas boas vantagens, pois proporciona a diminuição de custos e prazos, melhora no planejamento e implantação, maior flexibilidade dos processos e tecnologias de meio, maiores possibilidades de modelagens e de testes, maior aderência às necessidades de quem publica e aos desejos dos usuários, e principalmente o aumento da probabilidade de sucesso do projeto e diminuição de riscos, beneficiando todos os envolvidos no processo (direta ou indiretamente) do cliente que demanda o serviço ao usuário final, passando pelos desenvolvedores.
O maior desafio é a mudança de postura por parte do cliente, que passa a formatar os escopos nos termos da informação, sua importância, sua utilidade, suas fontes e bases, etc. Da parte do desenvolvedor, me parece, o problema é um pouco menor pois serão necessárias apenas algumas adaptações em seus processos, notadamente na interface com os clientes. O usuário final? Agradece.